terça-feira, 20 de julho de 2010

A alvorada na minha vida

O meu amanhecer pode não ser o melhor do Mundo, mas é sem dúvida aquele que escolho para mim, para a minha vida.
O meu amanhecer é embirrento. O meu amanhecer é até irascível. O meu amanhecer tem o melhor abraço do mundo. O meu amanhecer não sorri mas faz o meu coração querer explodir de tanta felicidade. O meu amanhecer não me deixa cantar e quando o faço o seu olhar fita-me qual facas afiadas prontas a cortar-me as cordas vocais. O meu amanhecer é sisudo, é silencioso. O meu amanhecer faz-me querer acordar todas as manhãs.
O meu amanhecer és tu. Levanto-me a custo tentando resistir a um mundo que passa rápido de mais para mim. Levanto-me sem a mínima vontade de sair à rua, sem a mínima vontade de encarar as formas terríficas e medonhas que a face dos transeuntes que por mim passam assumem pelo simples facto de estarem acordados.
Levanto-me, sem querer.
Mas, assim que entras na cozinha e te encostas a mim e me cumprimentas com um silencioso rugido, ganho forças para enfrentar um novo dia. Ganho vontade de sorrir aos transeuntes que obstinadamente se arrastam pela vida, tentando, por tu existires, que sintam um pouco da felicidade que me ofereces. Quando te vejo todas as manhãs, a minha vida amanhece.
Quando te vejo todas as manhãs, amo-te ainda mais...
És tu o amanhecer que escolho para a minha vida. És o amanhecer que escolho para mim.