terça-feira, 28 de agosto de 2012

Glossário...

Afilhado: Pessoa que tem padrinho ou madrinha (de baptismo, casamento, etc.).

2. [Figurado] Protegido.

Padrinho: O que apresenta o neófito ao baptismo.
2. [Figurado] Protector.


Tenho, até ver, um afilhado. Tenho aliás, uma sobrinha, um afilhado, outro sobrinho. Simplificando: tenho 3 sobrinhos. Um de sangue. Filha da minha irmã. Outro, por existência. Filho do meu irmão (também este de existência). O último, por casamento. Sobrinho da minha vida. A todos amo. A uns mais cedo do que a outros. A todos vi nascer. Uns mais cedo que outros. A todos vejo crescer. Uns mais vezes que outros. Posso analisar todos os passos. Posso sentir todas as gargalhadas, todas as lágrimas. Posso ouvir os monossílabos e interjeições e respectivas transformações e promessas de vivacidade de conversação e discurso. Poderia ter dito isto com ainda mais palavras. Até com menos. Poderia até nem o ter dito pois é apenas a constatação de uma decorrência do desenvolvimento humano. Mas agora já está! já o disse. E como dito foi, afirmado se manterá, tal como uma interjeição de uma criança cuja forma única de comunicação é esta. Tal como as interjeições que venho ouvindo desde há 12 anos (da primeira). Interjeições com mais ou menos ditongos, que nos oferecem um sorriso quando ouvidas. Um "di" mágico, um "dá" aparentemente irracional, uma gargalhada dobrada que encontra como resposta possível um enorme suspiro. Assim é a vida. Tanto mais preenchida quanto a vida dos que amamos se preenche com as suas próprias vidas. Assim é a vida, tanto mais vivida com um sentimento de protecção quanto maior o amor que sentimos por alguém, precise ou não de protecção. Todos os meus sobrinhos, de sangue, de existência ou de vida, possuem protecção maior que aquela que eu, sozinho, poderia alguma vez fornecer. Ainda assim, t
enho, até ver, um afilhado. Tenho aliás, uma sobrinha, um afilhado, outro sobrinho. Um de sangue da minha irmã. Outro do meu irmão de existência. O último da minha vida. A todos vos amo.   

Um novo dia



sexta-feira, 24 de agosto de 2012


Mais uma vida que nos chegou. Uma vida que vos completa. Uma vida que não sendo vossa, a protegem como se vossa fosse. O único milagre que conheço. Aliás: a consequência do único milagre que conheço. O milagre que fabrica vida; o milagre que a todos transforma e nos move a sermos pessoas melhores. De todo o modo, o milagre atingiu-vos. Atingiu-vos, uniu-vos. Abraçou-vos e criou a  vida. A vida, o amanhã. O amanhã de noites de preocupação de caçadeira na mão, aguardando o tratante que acompanha o fruto do vosso milagre a casa. "Para a próxima cheguem mais cedo a casa", dirás em tronco nu fazendo reflectir a tatuagem nos olhos do burlão, abraçando com uma mão um pé já crescido, e com a outra travando a arma. "Não sejas assim", dirá a origem deste segundo milagre. Enfim, as discussões etéreas de quem quer bem. As discussões que o milagre obriga e as resoluções que o amor acompanha. O único milagre que conheço: Mais uma vida que nos chegou.