PARA ALÉM DO TEJO
Nesta altura do ano, só vejo verde
Na planície, nos montes e nos chaparros.
Os olhos perdem-se na frescura
Que esta mesma Terra emana, quando tem sede.
Só me falta ouvir o chiar dos carros,
Aqueles que eram puxados por bois, na sua bravura.
Chamas-te, para Além
Dum Rio grande, imenso
E por vezes majestoso que fica aquém
E te deixa livre, terna e com senso.
A tua harmonia chega a incomodar,
Meu belo Alentejo, de tão perfeita,
De tão majestosa. Parece que é feita
De algo sobrenatural que nos faz sonhar.
Como consegues esconder a amargura,
O sofrimento e a labuta
Que restou de tanta luta?
Foi sangue e suor que fizeram a tua envergadura?
Desenhaste Poetas, Académicos e Navegadores,
Todos grandes e enormes trabalhadores
Duma Terra, em que a Liberdade
É uma palavra sofrida e cheia de verdade.
Continua assim, sempre para Além!
Transporta o teu futuro para os que te querem,
Para os que te entendem
E para os que se sentem bem.
Estoril, 13 de Abril de 2004
Francisco da Renda
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